segunda-feira, maio 03, 2010

Imagens de Deus em Fernando Pessoa por Amélia Pinto Pais


-                     «Imagens de Deus na Literatura Portuguesa nos séc.XIX e XX» – Auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão – Leiria, 15 e 16 de Março de 2001

por Amélia Pinto Pais,
 da Escola Secundária de Francisco Rodrigues Lobo, de Leiria


Esquema geral da comunicação:


  1. Palavras introdutórias: o órfão de Deus
  2. Algumas coordenadas  para o entendimento de uma ‘evolução’
  3. Um conhecimento contemplativo de Deus
  4. Em busca da unidade perdida: o neopaganismo ou uma «nova Igreja» com /Mestre Caeiro e seus «discípulos»/«evangelistas»
  5. Caminhos para o Oculto, caminhos de gnose / a iniciação Um retomar do êxtase /Sursum corda ! (textos 11 e 12)
  6. Conclusão :As questões que ficam

«Pertenço a uma geração que herdou a descrença na fé cristã e que criou em si uma descrença em todas as outras fés. Os nossos pais tinham ainda o impulso credor, que transferiam do cristianismo para outras formas de ilusão. Uns eram entusiastas da igualdade social, outros eram enamorados só da beleza, outros tinham a fé na ciência e nos seus proveitos, e havia outros que, mais cristãos ainda, iam buscar a Orientes e Ocidentes outras formas religiosas, com que entretivessem a consciência, sem elas oca, de meramente viver.
Tudo isso nós perdemos, de todas essas consolações nascemos órfãos. Cada civilização segue a linha íntima de uma religião que a representa: passar para outras religiões é perder essa, e por fim perdê-las a todas.
Nós perdemos essa, e às outras também.
Ficámos, pois, cada um entregue a si próprio, na desolação de se sentir viver. Um barco parece ser um objecto cujo fim é navegar; mas o seu fim não é navegar, senão chegar a um porto. Nós encontrámo-nos navegando, sem a ideia do porto a que nos deveríamos acolher. Reproduzimos assim, na espécie dolorosa, a fórmula aventureira dos argonautas: navegar é preciso, viver não é preciso.
Sem ilusões, vivemos apenas do sonho, que é a ilusão de quem não pode ter ilusões. Vivendo de nós próprios, diminuímo-nos, porque o homem completo é o homem que se ignora. Sem fé, não temos esperança, e sem esperança não temos propriamente vida. Não tendo uma ideia do futuro, também não temos uma ideia de hoje, porque o hoje, para o homem de acção, não é senão um prólogo do futuro. A energia para lutar nasceu morta connosco, porque nós nascemos sem o entusiasmo da luta.(....)
(...). O que vivemos foi em negação, em descontentamento e em desconsolo. Mas vivemo-lo de dentro, sem gestos, fechados sempre, pelo menos no género de vida, entre as quatro paredes do quarto e os quatro muros de não saber agir.

Livro do Desassossego por Bernardo Soares.
(frag.195)

1.       Ao aceitar abordar a questão religiosa em Fernando Pessoa, a pedido do meu
amigo e colega Dr. António Gordo, da Comissão Científica destas Jornadas, não pude deixar de colocar-lhe e de me colocar algumas reservas e perplexidades face ao tema proposto.
 É que, em primeiro lugar, e sem negar a importância que têm os conteúdos e linhas de sentido de um texto, o meu apreço pela obra de Pessoa se faz sobretudo do ponto de vista estritamente literário /poético e não do ponto de vista dos conteúdos ideológicos / filosóficos que encerra («Era eu um poeta estimulado pela filosofia e não um filósofo com faculdades poéticas», escrevia ele, por volta de 1910); por outro lado, sentia confusamente, do pouco de que me pudera aperceber até aí, que o problema de saber até que ponto Fernando Pessoa era um homem religioso, ele que se confessou uma vez, em 1935,em Nota Biográfica, «cristão gnóstico», ele que em tanto eus diferentes se projectara e se fizera poeticamente, ele que se quisera também um «indisciplinador de almas» — era tarefa algo ingente para o pouco tempo disponível que era o meu, tarefa mais adequada a uma tese de doutoramento em vários volumes e a preparar durante alguns anos.
Sentia também, e verifiquei-o posteriormente quando meti mãos à obra, que não era muita a bibliografia existente sobre esta complicada problemática. Assim:— como iria eu descobrir em tão pouco tempo o Pessoa nos vários Pessoa(s)? No Pessoa Caeiro, António Mora, Ricardo Reis, adeptos de teorias visando a reconstrução de um neo-paganismo de base helénica, mas também no Pessoa ortónimo de poemas simbolistas e quase místicos (alguns esotéricos e iniciáticos)  e  num Pessoa-Campos de poemas igualmente quase místicos como os Dois excertos de Odes, o Magnificat ou o «Afinal a melhor maneira de viajar é sentir»?E o Pessoa de Mensagem? – o do «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce» , o do misticismo nacionalista corporizado no mito (que «é o nada que é tudo») de D.Sebastião, o «Encoberto», adivinhado por Bandarra ou António Vieira, o da «divina loucura», sagrado, como o Infante Santo ou o Infante D.Henrique, por Deus, para ser portador do Sonho construtor de Quintos Impérios ainda não concretizados?
            De um desafio se tratava, pois, para mim, o de tentar encontrar pelo menos esboço de resposta para tantas interrogações. É desse esboço de resposta que trago, hoje e aqui, as linhas principais e as muitas interrogações que, certamente no final, vos ficarão.
Vejam-no apenas como esboço, como uma introdução ao problema.

Vou seguir de perto o que pude aprender na pouca bibliografia específica existente e, principalmente, em António Quadros, Fernando Pessoa-Vida, personalidade e génio (ed. D.Quixote, Lisboa,2ªed.,1984), em Dalila Pereira da Costa, O Esoterismo em Fernando Pessoa (ed.Lello & Irmão, Porto, 2ªed.,1978), em alguns capítulos de Teresa Rita Lopes in «Pessoa por conhecer»(Estampa, Lisboa, 1990) e nos estudos de Yvette Centeno, ligados igualmente às questões do esoterismo, hermetismo e iniciação na poesia de Pessoa.E também, naturalmente, da minha reflexão pessoal. E, principalmente ainda, na minha interrogação inacabada.

2.       Algumas coordenadas para o conhecimento de Fernando Pessoa:

2.1   Fernando Pessoa foi baptizado e educado em criança dentro dos parâmetros
da religião católica; existe um documento dele, datado de 1907 (tinha o poeta 19 anos), dirigido ao pároco da freguesia em que fora baptizado, em que contesta o facto de o terem baptizado quando «ainda ente irracional», obrigando-o «a fazer parte de uma associação demasiado humana com as teorias da qual o seu raciocínio mais viril talvez não queira concordar»; no mesmo documento  considerava  a igreja católica «poderosa e estúpida, sustentando a velha hipótese d’um Deus criador, eminentemente estúpido e eminentemente mau»[1]


[1] documento publicado por Teresa Rita Lopes in pessoa por conhecer, ed.Estampa, Lisboa, 1990-2ºvolume, p.79.

 2..2.  Em 1915, em carta dirigida  em 6 de dezembro a Mário de Sá Carneiro,
confessava- se em crise profunda, derivada de ter tido que traduzir várias obras de teosofia. Cito:              
«Tive de traduzir livros teosóficos. Eu nada, absolutamente nada, conhecia do assunto. Agora, como é natural, conheço a essência do sistema. Abalou-me a um ponto que eu julgaria hoje impossível, tratando-se de qualquer sistema religioso. O carácter extraordinariamente vasto desta religião-filosofia; a noção de força, de domínio, de conhecimento superior e extrao-humano que ressumam as obras teosóficas, perturbaram-me muito. Cousa idêntica me acontecera há muito tempo com a leitura de um livro ingçês sobre Os Ritos e os Mistérios dos Rosa-Cruz. A possibilidade de que ali, na Teosofia, esteja a verdade real me “hante”.(-...)
E mais adiante: « Ora, se V.meditar que a teosofia é um sistema ultra-cristão — no sentido de conter os princípios cristãos elevados a um ponto onde se fundem não sei em que além-Deus e pensar no que há de fundamentalmente incompatível com o meu paganismo essen -
cial, V. terá o primeiro elemento grave que se acrescentou à minha crise. Se depois reparar em que a Teosofia, porque admite todas as religiões, tem um carácter inteiramente parecido com o do paganismo, que admite no seu panteão todos os deuses, V. terá o segundo elemento grave da  minha crise de alma. A Teosofia apavora-me pelo seu mistério e pela sua grandeza ocultista, repugna-me pelo seu humanitarismo e apostolismo (...), atrai-me por se parecer tanto com um «paganismo transcendental (...) É o horror e a atracção do abismo realizados no além-alma...»
              Convém esclarecer aqui que a teosofia, literalmente «sabedoria divina» ou «dos deuses» é uma teoria que se situa como síntese de filosofia, religião e ciência, apelando para a intuição e faculdades não racionais e declarando a identidade do Homem com a Realidade e o seu consequente poder de conhecer a Finalidade, a Meta, que se chama Deus.
Vários intelectuais europeus do tempo de Pessoa se deixaram tocar por esta teoria, reactivada sobretudo a partir da actividade de Helena Blavatsky, uma das fundadoras e principal expoente da Sociedade Teosófica em Nova Iorque, em 1875. Fernando Pessoa traduziu, entre outras obras teosóficas, A Voz do Silêncio, obra essencial de Blavatsky. No entanto, a teosofia vem de muito antes e, nomeadamente de Platão e Plotino, para não falar das diversas correntes místicas e do próprio idealismo alemão.    

  2.3. Também por essa altura, em célebre carta à tia Anica, confessa sentir-se com
características de mediunidade e desenvolve práticas de espiritismo, reveladoras, juntamente com o interesse pela teosofia, pelos Rosa-Cruzes  e o seu gosto e prática da numerologia e da astrologia, o seu pendor para o oculto, que viria a aprofundar-se nos anos finais da sua vida.

2.4     Em 1935, ou seja, no último ano da sua vida, confessa-se, na já referida Nota
biográfica, no ponto Posição religiosa: «Cristão gnóstico, e portanto, inteiramente oposto a todas as igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a Santa Cabala) e com a essência oculta da Maçonaria» e «Iniciado, por comunicação directa de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da (aparentemente extinta) Ordem Templária de Portugal»
Compreende-se a sua autodefinição como gnóstico, dado pretender ser a a gnose o conhecimento esotérico e perfeito da divindade, que se transmite por meio da tradição e mediante rituais de iniciação. [1] Tal iniciação tê-la-á conseguido o poeta não pela sua integração na Maçonaria ou noutras associações secretas e ocultistas, mas pela reflexão e estudo e pela experiência poética , que, segundo  Jung « aflora de regiões profundas da alma, salutares e benéficas, preexistentes à segregação das consciências individuais, e que, a partir desse regaço colectivo, seguiram os seus passos dolorosos. Brota dessas regiões onde todos os seres vibram ainda, em uníssono, e onde consequentemente a sensibilidade e a acção do 9indivíduo valem para toda a humanidade[2]

2.5     Como última destas coordenadas, em carta do mesmo ano a  Adolfo Casais
Monteiro, diz-se não mação e opina  sobre o Ocultismo, dizendo «não acreditar na comunicação directa com Deus, mas, segundo a nossa afinação espiritual, poderemos ir-nos comunicando com seres cada vez mais altos»; define também, na mesma carta, 3 caminhos para o Oculto, o mágico, o místico e o alquímico, considerando o último «o mais perfeito de todos, porque envolve uma transmutação da própria personalidade que a prepara».

 


1.       Um conhecimento contemplativo de Deus:

 Traçadas as coordenadas principais, a nível do pensamento religioso de Fernando
Pessoa, pondo, para já, de parte a longa teorização e defesa do Neopaganismo português, atentemos nalguns textos reveladores daquilo que podemos considerar ser o seu percurso poético /religioso, na busca do Conhecimento ou Gnose:

Por volta de  1912, tinha o poeta então 24 anos, e no mesmo ano em que publicava na «Águia» os seus primeiros artigos sobre a moderna poesia portuguesa, surge-nos um texto belíssimo intitulado «Prece» que passo a transcrever:

            Prece:

«Senhor, que és o céu e a terra, e que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo estás - (o teu templo) - eis o teu corpo.
Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.
Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faz com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai.


Ser, ideia, alma de nome
                        A mim, à terra e aos céus...
                     

[1] e nós a lembrarmo-nos de Vergílio Ferreira...


O 5º e último poema, de título de ressonância esotérica  ( e surrealista) – Braço sem corpo brandindo um Gládio – «é o regresso à realidade quotidiana, lugar da dúvida, da interrogação, do espanto, da incapacidade de aferir, pela razão humana, aquilo que por instantes envolveu o ser inteiro, deixando atrás de si um sentimento de irrealidade»[1] — conclui assim o poema:
                        «Deus é um grande Intervalo,
                        Mas entre quê e quê?...
                         Entre o que digo e o que calo
                        Existo? Quem é que me vê?
                        Erro-me...»
 
      os sonetos XI e XIII, em que o Poeta se vê como emissário, simples executor de algo que lhe é ditado (por quem? – por oculta mão? , por um rei desconhecido?) de reminiscências notoriamente neoplatónicas



[1] Quadros, op.cit.
[2] O tema da queda é «dogma» comum às diferentes «seitas»gnósticas



XI
Não sou eu quem descrevo. Eu sou a tela
E oculta mão colora alguém em mim.
Pus a alma no nexo de perdê-la
E o meu princípio floresceu em Fim.

Que importa o tédio que dentro em mim gela,
E o leve Outono, e as galas, e o marfim,
E a congruência da alma que se vela
Com os sonhados pálios de cetim?

Disperso... E a hora como um leque fecha-se...
Minha alma é um arco tendo ao fundo o mar...
O tédio? A mágoa? A vida? O sonho? Deixa-
                                                                         - se...

E, abrindo as asas sobre Renovar,
A erma sombra do voo começado
Pestaneja no campo abandonado...



XIII
Emissário de um rei desconhecido
Eu cumpro informes instruções de além,
E as bruscas frases que aos meus lábios vêm
Soam-me a um outro e anómalo sentido...

Inconscientemente me divido
Entre mim e a missão que o meu ser tem,
E a glória do meu Rei dá-me o desdém
Por este humano povo entre quem lido...

Não sei se existe o Rei que me mandou

Minha missão será eu a esquecer,
Meu orgulho o deserto em que em mim estou...

Mas há! Eu sinto-me altas tradições
De antes de tempo e espaço e vida e ser...
Já viram Deus as minhas sensações...


O último poema da série  termina com «E Deus, a Grande Ogiva ao fim de tudo»
Vejamos:

Como uma voz de fonte que cessasse
(E uns para os outros nossos vãos olhares
Se admiraram), para além dos meus palmares
De sonho, a voz que do meu tédio nasce

Parou... Apareceu já sem disfarce
De música longínqua, asas nos ares,
O mistério silente como os mares,
Quando morreu o vento e a calma pasce...

A paisagem longínqua só existe

Para haver nela um silêncio em descida
Para o mistério, silêncio a que a hora assiste...

E, perto ou longe, grande lago mudo,
O mundo, o informe mundo onde há a vida...
E Deus, a Grande Ogiva ao fim de tudo...


Pessoa parece reconhecer em Deus a meta – em carta a Armando Cortes Rodrigues, datada de 19.1.1915, escrevia: «você é, como eu, fundamentalmente um espírito religioso»  e mais adiante, referindo-se à solidão de sentir alguém que se «adiantou de mais aos companheiros de viagem » a viagem que, segundo diz, acha«tão grave» porque é uma  viagem «entre almas e estrelas, pela Floresta dos Pavores...e Deus, fim da estrada infinita, à espera no silêncio da Sua grandeza...»

Podemos então talvez concluir como Quadros e Dalila Pereira da Costa, que entre 1912 e 1915 o Poeta, reconhecendo-se explicitamente como «espírito religioso» terá tido uma experiência de conhecimento contemplativo, quase de contacto místico, não racional, portanto, com o grande Intervalo, com Deus. Só bastante mais tarde, a partir de 1932, tal experiência viria a repetir-se, como veremos.

1.       A busca da unidade perdida: o neopaganismo / Mestre Caeiro

Nos anos seguintes, foi a vez da  uma busca de respostas outras ao problema: — 



sou múltiplo, sou plural como o Universo.-  Como reencontrar a Unidade perdida? Como ultrapassar o conflito /divisão entre o que sou e o que me sonho, entre o que sonho e o que faço, entre «a lealdade que devo /À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora/E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro»?[1]
            Penso que esta terá sido porventura a questão fundamental de Pessoa e dos seus «desassossegos» existenciais...
            É este o período fecundo das tentativas neopagãs  (e de toda a teoria do neopaganismo português – uma «Igreja» de que se fazem eco e «evangelistas» o filósofo António Mora, mas também Ricardo Reis e o próprio Pessoa).Nessa nova Igreja ,[2] Cristo é apenas mais um deus no panteão e como tal aceite por Reis; o que é intolerável é que os cristãos o afirmem como único; se a natureza é plural, como conceber um panteão que não o seja?. Cristo, a existir, será o Deus- Criança, a «Criança Nova», a «Criança eterna» do Poema VIII de O Guardador de Rebanhos de Caeiro (ele próprio, o Mestre, o que «não era pagão, era o paganismo», segundo o discípulo porventura mais amado e mais rebelde, Campos) – a criança surgida em sonho, fugida do Céu e das roupagens míticas de que o revestiram, e vindo morar na casa do Outeiro /«adormecendo» na alma do Poeta, não sem antes o ter ensinado a ver — e se ter comportado como criança:
            «Esta é a história do meu Menino Jesus – conclui o poeta - Por que razão que se perceba/Não há-de ser ela mais verdadeira/Que tudo quanto os filósofos pensam /E tudo quanto as religiões ensinam?»
            O mesmo Menino Jesus-Caeiro, que afirma não acreditar em Deus.«Não acredito em Deus porque nunca o vi./Se ele quisesse que eu acreditasse nele,/Sem dúvida que viria falar comigo /E entraria pela minha porta dentro /Dizendo-me, Aqui estou ![3]
            Uma religião, afinal, panteísta, a deste Mestre Caeiro, que parece recusar a visão do transcendente, mas absolutiza o real como se Deus fosse tão somente o real, as coisas da natureza. Um pouco como nas filosofias orientais, mas, ainda que o não parecendo, muito próxima da visão de S. Francisco no Cântico das Criaturas....Dando a sua resposta, afinal – a da sua completa a perfeita comunhão com o real, recusando conhecê-lo pelo pensamento (afinal: pensar é não compreender, pensar é estar doente dos olhos, pensar incomoda como andar à chuva...). Poderemos, ainda aqui, falar de misticismo  de outro tipo – o misticismo panteísta de fusão com a natureza; por ele Sujeito e Objecto fundem-se e encontram a Unidade.
            Mas Caeiro morreu cedo, como, de certo modo, inviável era «aprender a desaprender», recuperar a inocência da criança que vê tudo como se fosse pela primeira vez ou da ceifeira e da sua alegre inconsciência de não saber como a «ciência pesa tanto e a vida



[1] Tabacaria-poema de 1928
[2] esta equiparação do neopaganismo a nova Igreja com mestre, evangelistas e discípulos é colhida no livro já cit. de Teresa Rita Lopes
[3] em espécie de paráfrase ao Jesus de O Suave Milagre, de Eça?



é tão breve!» e por isso «canta sem razão»[1] — e com a sua morte prematura morreu também um pouco a teoria/igreja neopagã:
                                 — Mora, o assumidamente filósofo, reduz-se ao silêncio;
                                 —           Reis assume o seu epicurismo triste, o «colhe o dia porque és ele», o «abdica e sê rei de ti próprio», tristemente, ou antes, desconsoladamente, dando conselhos, a meu ver pouco convictos, refugiando-se num cepticismo de escola («Assim talvez os deuses / Para si o não sejam, / E só de serem do que nós maiores / Tirem o serem deuses para nós  //  Seja qual for o certo, / Mesmo para com esses / Que cremos serem deuses, não sejamos / Inteiros numa fé talvez sem causa»)[2] ; digamos que ele é um «pagão triste da decadência», como a última imagem que quer conservar de Lídia, sua apaixonada virtual.
                               —  Quanto a Pessoa, o ortónimo, aquele de quem Campos diz que «seria um pagão se não fosse um novelo embrulhado para o lado de dentro»[3] atingirá, de certo modo, confundindo - se com Campos, na parte final da vida, o êxtase que entrevira em 1912 a 1915;
                             —    Campos será sempre, e passada a fúria sensacionista do querer ser toda a gente e toda a parte[4], o mais desassossegado de todos, encontrando a paz e a verdade possíveis apenas no sonho de epopeias marítimas triunfais sem sair nunca do «cais deserto», imagem e sombra do Cais absoluto e arquetípico ,  de reminiscência ou anamnese  platónica[5] - atingirá, porém, e talvez em resposta ao seu desassossego e à sua busca, finalmente, e de novo, a alegria de encontrar Deus, ou em todo o caso, o Sagrado e a plenitude  em textos como Magnificat e no Sursum Corda! de Afinal a melhor maneira de viajar é sentir...

Como diz Dalila Pereira da Costa, «o paganismo como idade da humanidade, forma e
visão do cosmos e apreensão do mundo, ser-lhe-ia revelado e dado a participar por directa experiência pessoal, em instantes que, abolindo milénios de afastamento, tal uma prodigiosa anamnese, o poeta consignou em Dois excertos de Odes, Passagem das Horas, Afinal a  melhor maneira de viajar é sentir [6]... Aí, pela sua intuição poética, pelo seu dom de visionário, ele teria o poder, tal como Holderlin, de realizar uma ressurreição vivida dessa idade, em toda a sua verdadeira alma, e dela participar. Aí o cosmos surgir-lhe-ia em toda a sua antiga e eterna sacralidade.»

            É esse, a seu ver, o verdadeiro sentido do neopaganismo de Pessoa.Com efeito, o sentido do mistério perpassa nesses poemas, onde é visível, como nos poemas orrtónimos «Silvos ou gnomos tocam?» ou «Passos tardam na relva»,[7] em que pequenos seres míticos são pressentidos.




[1] Do poema ortónimo Ela canta, pobre ceifeira...
[2] ode Meu gesto que destrói
[3] in Notas para a recordação do meu mestre Caeiro
[4] Ode Triunfal
[5] Ode Marítima
[6] todos poemas de Campos, note-se...
[7] poemas datados de 1914 e de 1933 respectivamente, o que parece provar a persistência do sentido do Mistério, do sagrado



1.      « Caminhos para o oculto»:

Chegamos, neste ponto, ao tratamento daquilo que Quadros designa de caminhos para o oculto.
 Segundo ele, Pessoa experimentou ou tentou, melhor dizendo, três caminhos de aproximação do Mistério, tantas vezes pressentido ou entrevisto. Seriam eles o caminho gnósico da percepção e visão supranormal, da imaginação, do sonho, da mediunidade, da reminiscência anamnésica platónica, da permeabilidade ao inconsciente colectivo ou arcaico, ou das iluminações [1], inspirações e contactos de ordem mística. A segunda via, segundo Quadros, seria o caminho sófico – reflexão metafísica associada à cultura erudita; depois do clarividente, o pensador, o intelectual, o erudito, o que raciocina exaustivamente. Finalmente, a via ou caminho iniciático, presente em poemas esotéricos conhecidos como Na sombra do Monte Abiegno, Do Vale  montanha`,A Múmia, Iniciação, Eros Psique, No túmulo de Christian Rossencreutz. Estes poemas têm sido exaustivamente analisados, quer por Dalila Pereira da Costa, quer por Yvette Centeno, e remeto para tais estudos aprofundados os meus queridos e pacientes ouvintes.
Na sombra do Monte Abiegno
Repousei de meditar.
Vi no alto o alto Castelo
Onde sonhei de chegar.
Mas repousei de pensar
Na sombra do Monte Abiegno.

Quando fora amor ou vida,
Atrás de mim o deixei,
Quando fora desejá-los,
Porque esqueci não lembrei.
À sombra do Monte Abiegno
Repousei porque abdiquei.

Talvez um dia, mais forte
Da força ou da abdicação,
Tentarei o alto caminho
Por onde ao Castelo vão.
Na sombra do Monte Abiegno
Por ora repouso, e não.

Quem pode sentir descanso
Com o Castelo a chamar?
Está no alto, sem caminho
Senão o que há por achar.
Na sombra do Monte Abiegno
Meu sonho é de o encontrar.

Mas por ora estou dormindo,
Porque é sono o não saber.
Olho o Castelo de longe,
Mas não olho o meu querer.
Da sombra do Monte Abiegno
Que me virá desprender?

Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por casas, por prados,
Por quinta e por fonte,
Caminhais aliados.

Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por penhascos pretos,
Atrás e defronte,
Caminhais secretos.

Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por plainos desertos
Sem ter horizontes,
Caminhais libertos.

Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por ínvios caminhos,
Por rios sem ponte,
Caminhais sozinhos.




            Na sombra do Monte Abiegno: — o Monte Abiegno é a Montanha que une os planos terrestre e celeste, desafio ao homem que aspira pelo Absoluto. A imagem do cavaleiro-monge, como a do Castelo, ambas  de ressonâncias medievais, é a do cavaleiro solitário que busca «por ínvios caminhos» o seu Graal – a Verdade [2]
            Mais importante ainda é o conjunto de poemas A Múmia, também cronologicamente o primeiro destes poemas esotéricos. Segundo Yvette Centeno, assistimos nesta poesia cifrada «a um percurso espiritual, iniciático (em que se confirma a morte da alma) e a uma revelação. O poeta desce progressivamente dentro de si mesmo, separa-se de toda a realidade material e espiritual, fica reduzido à própria espinha, ao osso, à pura essência; e obtém no fim a revelação sobre a qual nada diz...»Tal percurso «é pontuado por uma absorção no Inconsciente, pela constatação da morte de Anima e pela depuração do Eu até à fixação na própria espinha, terminando de chofre com a enigmática substantivação «As espadas». As espadas equivaleria ao fogo dos filósofos, sendo também um atributo dos iniciados templários e rosa-cruzes, o que leva Centeno a interrogar-se: «Que concluir daqui? Que a revelação das espadas equivale à revelação simultânea, à «abertura, aqui» da porta do Entendimento e da beleza? Experiência que coroa a realização do homem, do poeta
            A experiência alquímica visa, segundo Mirciade Eliade, «transmutar o homem; pela iniciação, o místico mudava de regime ontológico (fazia-se imortal). A transmutação, o opus magnum, que conduzia à pedra filosofal. obtém-se fazendo passar a matéria por 4 graus ou fases, entre as quais  a nigredo e putrefactio, ou morte iniciática (....).»
            Os poemas mais claramente iniciáticos de Pessoa são os já referidos «Iniciação», «No túmulo de Christian Rossencreutz» e ainda o de certo modo enigmático «Gomes Leal».Detenhamo-nos um pouco mais sobre o primeiro:

Iniciação


Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo.

......

O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.

Vem a noite, que é a morte
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.

Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa.
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.

Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.

Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.

......

A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não estás morto, entre ciprestes.

......

Neófito, não há morte.


            Só despindo-se, pela desnudação, o poeta encontra a verdadeira vida/unidade: por isso, «neófito, não há morte».Para o conseguir é preciso, porém atingir o fundo do poço, da caverna onde a verdadeira vida e a verdadeira verdade, passe a redundância, se encontram.
O corpo nada mais é que invólucro pesado e obstáculo de que é necessário despojar-se.
Como escreve Dalila Pereira da Costa:

«. Aqui o neófito renasce, depurado para outra vida, nessa caverna regeneradora, centro das forças do mundo e do eu, da energia primeira: sua matriz. Novo ciclo de existência se lhe abre: a dos deuses, «pois aí vês que são teus iguais». Aqui se termina a transmutação suprema, tal outra operação alquímica, que é a morte. Por esses estados sucessivos se ultrapassou, ou largou, a natureza humana e se adquiriu a natureza celeste, matéria última, incorruptível e eterna.
Iniciação poderá ser visto semelhantemente como uma purificação, numa alquimia do corpo humano. Por essa destruição, combustão de todos os elementos acidentais, exteriores, agarrados ao seu núcleo, central e incorruptível, fazer que este por fim, liberto e único, brilhe na caverna, a última etapa do trabalho interior: como a «matéria-prima». Nesse cadilho alquímico, ela será a obtenção final do diamante incorrupto, ou «Lapis Philosophorum». O ser primordial e eterno, o que um dia caiu do infinito, e que aqui sobre a terra, é o proscrito. Fechando assim agora o círculo, este poema, como «exitus», será o segundo e complementar movimento desse outro (como linha ascensional numa mesma onda), que surgiu na sua juventude, e em semelhante ambiente de mistério iniciático: os Passos da Cruz»

Da iniciação resulta também a desgraça, a tristeza e a solidão, como parece entrever-                   -  se no poema Por que Ó Sagrado (datado de 1932):

Por que, ó Sagrado, sobre a minha vida

Derramaste o teu verbo?

Por que há- de a minha partida

A coroa de  espinhos da verdade
Antes eu era sábio sem cuidados,
Ouvia a tarde  finda, entrar o gado
E o campo era solene e primitivo
Hoje no meu ser sou o  escravo
Só no meu ser tenho  de a ter  o travo,
Estou exilado aqui e morto vivo.

Maldito o dia em que pedi a ciência!
Mais maldito o que a deu, porque me a deste!
Que é feito dessa minha inconsciência
Que a consciência, como um traje, veste?
Hoje sei quase tudo e fiquei triste...[1]
Sei a verdade, enfim, do Ser que  existe,
Prouvera a Deus que eu não soubesse tanto!


MAGNIFICAT (7-11-1933)


Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, quem tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!


Trata-se, na opinião de Quadros, de «um cântico de assunção e êxtase», «momento de apaziguamento – consolado, repousado, gratificado. Porque, contemplado em êxtase, Esse lho terá concedido.» .
Confirma-se, assim, a opinião já referida de Dalila Pereira da Costa de que:
«Deus em Pessoa não é um conceito, uma noção teórica nem um ideal abstracto. Sua ideia de deus não é racional. Ele é uma realidade conhecida por experiência directa. Uma realidade eminentemente viva, como o Deus vivo da Bíblia, o mesmo que todos os grandes espirituais conheceram.(...) Não procuremos tão pouco no seu pensamento um Deus de feição moral. O seu deus é o dos contemplativos, conhecido e revelado no amor e na liberdade. A salvação aqui não é dada através dos méritos e das obras próprias, mas pela união sagrada com Deus. É nela que estará o homem justificado

Vemo-lo também  lendo, em vésperas de Natal de 1934, e ainda com Álvaro de Campos, a 1ª Epístola aos Coríntios:

Ali não havia electricidade.
Por isso foi à luz de uma vela,mortiça
Que li, inserto na cama,
O que estava à mão para ler —
A Bíblia, em português (coisa curiosa), feita para protestantes.
E reli a «Primeira Epístola aos Coríntios».
Em torno de mim o sossego excessivo de noite de província
Fazia um grande barulho ao contrário,
Dava-me uma tendência do choro para a desolação.
A «Primeira Epístola aos Coríntios»...
Relia-a à luz de uma vela subitamente antiquíssima,
E um grande mar de emoção ouvia-se dentro de mim...
Sou nada...
Sou uma ficção...
Que ando eu a querer de mim ou de tudo neste mundo?
«Se eu não tivesse a caridade.»
E a soberana luz manda, e do alto dos séculos,
A grande mensagem com que a alma é livre...
«Se eu não tivesse a caridade..»
Meu Deus, e eu que não tenho a caridade!---


[1] Em Antero:«Conheci a Beleza que não morre /E fiquei triste»


1.       As questões que ficam:

 E aqui está, como neste sensacionismo assumido se retoma e se esclarece, ganhando
nova luz, o «Já viram Deus as minhas sensações». de Passos da Cruz.
            Concluiríamos assim que também (ou sobretudo?) a sensação é  força propulsora da caminhada do cavaleiro-monge em direcção ao Monte Abiegno ou a Deus, a Grande Ogiva?
            Que Caeiro – o sensacionista dos sensacionistas, o porventura talvez mais whitmaniano (indo para além do próprio Whitman, de resto) – seria também uma via para Deus, para o Absoluto, para a fundamental unidade?
           
            São perguntas que ficam. Eu nada sei – ou quase nada. Apenas me interrogo – e interrogo; como Pessoa me sinto – ou gostaria de me sentir e ser – indisciplinadora de almas, levando-as a interrogarem-se.
           
            Em todo o caso, e como esboço de uma conclusão, sempre provisória, reforço, parece-- me poder concordar com a opinião expressa por Murillo Nunes de Azevedo, um teósofo brasileiro, em texto intitulado: Fernando Pessoa Teósofo:[1]
           
           
            Peço desculpa pela extensão do meu texto – era, porém, difícil fazê-lo mais breve.
            É que só é capaz de ser sintético quem domina muitíssimo bem e vê claramente um problema. O que não é, decididamente, e por enquanto, o meu caso.
            Para além de tudo o mais, dizia Camões, dirigindo-se à  Canção: «E se acaso /  te culparem de larga e de pesada, «Não pode ser – lhe dize - limitada / a água do mar em tão pequeno vaso »...

Termino como comecei, com referência ao homem de todos os desassossegos, Bernardo Soares, relembrando as suas palavras desconsoladas:

«Pertenço a uma geração que herdou a descrença na fé cristã e que criou em si uma descrença em todas as outras fés. Os nossos pais tinham ainda o impulso credor, que transferiam do cristianismo para outras formas de ilusão. Uns eram entusiastas da igualdade social, outros eram enamorados só da beleza, outros tinham a fé na ciência e nos seus proveitos, e havia outros que, mais cristãos ainda iam buscar a Orientes e Ocidentes outras formas religiosas, com que entretivessem a consciência, sem elas oca, de meramente viver.
Tudo isso nós perdemos, de todas essas consolações nascemos órfãos. »


Leiria, Portugal


*Amélia Pinto Pais




[1] dado a conhecer pela Internet (www.cfh.ufsc.br/~magno/teosofiaepessoa.htm)
[2] nós acrescentaríamos com Jung e Novalis: e aos poetas
[3] recordemos a célebre carta sobre a origem dos heterónimos, de 1935.»Num dia em que finalmente desistira – foi em 8 fde Março de 1914 – acrequei-me de uma cómoda alta, e tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tal poemas afio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida e nunca poedrei ter outro assim.(...)


[Amélia  Pais, portuguesa, vivendo em Leiria. Professora e autora de livros e artigos  -ensaios  literários e de divulgação de autores portugueses  para adultos e crianças(um dos quais-Fernando Pessoa, O menino da sua Mãe, já publicado em Junho de 2009 no Brasil  pela Companhia das Letras e outro-Padre António Vieira, o Imperador da Língua Portuguesa,com publicação prevista para Junho de 2010 pela mesma editora brasileira. É também autora de uma História da Literatura Portuguesa e de livros de inicação sobre autores portigueses destinados a crianças.
Esporadicamente escreveu alguns(poucos) poemas e, por isso, não se considera propriamente poeta .]

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